quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Kirigami, uma experiência no ICL


Antes de entrar na UEL em uma visita ao Instituto do Câncer de Londrina, fiz distribuição de kirigami aos pacientes. Uma criança que se encantou com o trabalho pediu para sua avó que pagasse uma aula para ela aprender a fazer os bichinhos que a encantara. No dia e hora marcados a vi carequinha pelo efeito da quimioterapia, em sua mão direita havia um soro pego em uma veia na costa da mão que julguei que atrapalharia a aula já que ela não era canhota. No começo da aula expliquei que ensino por dois métodos, o imitativo pelo molde e o criativo no qual se imerge diretamente na criação. Minha surpresa foi vê-la fazer tudo sem moldes, coisa que quando ensinava professores estes sempre queriam o molde para se espelhar no meu trabalho sem o percurso do erro e acerto. Ao vê-la com a tesoura e o soro na mão, sua cabeça raspada e seus olhos brilhando maravilhada com sua própria criação, percebi que ela estava em um estado de graça além do sofrimento, as lágrimas em meus olhos não se contiveram e simplesmente chorei dando aula, não sabia se estava ensinando ou aprendendo que por traz daquele trabalho havia uma força muito maior, uma potência transformadora que ainda não estava totalmente compreendida e/ou aplicada. 

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