Kirigami, uma experiência no ICL
Antes
de entrar na UEL em uma visita ao Instituto do Câncer de Londrina, fiz
distribuição de kirigami aos pacientes. Uma criança que se encantou com o
trabalho pediu para sua avó que pagasse uma aula para ela aprender a fazer os
bichinhos que a encantara. No dia e hora marcados a vi carequinha pelo efeito
da quimioterapia, em sua mão direita havia um soro pego em uma veia na costa da
mão que julguei que atrapalharia a aula já que ela não era canhota. No começo
da aula expliquei que ensino por dois métodos, o imitativo pelo molde e o
criativo no qual se imerge diretamente na criação. Minha surpresa foi vê-la
fazer tudo sem moldes, coisa que quando ensinava professores estes sempre
queriam o molde para se espelhar no meu trabalho sem o percurso do erro e
acerto. Ao vê-la com a tesoura e o soro na mão, sua cabeça raspada e seus olhos
brilhando maravilhada com sua própria criação, percebi que ela estava em um
estado de graça além do sofrimento, as lágrimas em meus olhos não se contiveram
e simplesmente chorei dando aula, não sabia se estava ensinando ou aprendendo
que por traz daquele trabalho havia uma força muito maior, uma potência
transformadora que ainda não estava totalmente compreendida e/ou aplicada.
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